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inventário de indícios
inventory of traces

não é possível colocar o tempo para cuidar de tudo. 

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no princípio e no fim, havia uma bússola em cima da mesa, monóculos amarrados por linhas de costura, uma chave combinada 13 mm e um bilhete amassado. 

são muitas as grafias praticáveis.

existe a cena em que não olho pra você. existe a cena em que, por não te olhar, te vejo em todos os cantos. 

as dinâmicas dos processos de transformação do espaço não o definem, mas acumulam, geram estratos, camadas que se constituem pelas alterações físico-sociais, pelos discursos comprimidos. 

as rasuras, os eventos passados, não o são apagados, mas firmados como experiência somática.

o espaço é qualquer lugar-corpo-objeto que abrigue extensões finitas. 

na terceira vez em que você não me olhou, eu acho que até te vi, embora a memória-tempo não tenha te abarcado por inteiro, mas em cenários. 

eu detesto quando os fios se entrelaçam e na última terça-feira passei algumas horas desatando todos os nós que encontrei pela casa. fios de telefone, extensões de tomada, carregadores portáteis, fiapos a desfazer roupas, cordões e colares amontoados. tenho escrito pequenos relatórios, listas, atas, pareceres de tudo que vou descobrindo enquanto tento remontar fragmentos. 

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nem sempre queremos ver as rupturas, mas como é importante sentir uns incômodos, vez ou outra.

it is not possible to put the time to take care of everything.

 

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at the beginning and at the end, there was a compass on the table, eyeglasses tied together by sewing thread, a 13 mm combination wrench and a crumpled note.

 

there are many possible spellings.

 

there's the scene where I don't look at you. there is the scene in which, by not looking at you, I see you everywhere.

 

the dynamics of space transformation processes do not define it, but accumulate, generate strata, layers that are constituted by physical-social changes, by compressed discourses.

 

the past events are not erased, but established as a somatic experience.

 

space is any place-body-object that harbors finite extensions.

 

the third time you didn't look at me, I think I even saw you, although the time-memory didn't encompass you entirely, but in scenarios.

 

I hate when threads get tangled up and last tuesday I spent a few hours undoing all the knots I found around the house. telephone cords, plug extensions, portable chargers, lint undoing clothes, strings and necklaces piled up. I've been writing little reports, lists, minutes, opinions of everything I'm discovering while trying to piece together fragments.

 

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we don't always want to see the ruptures, but how important it is to feel some discomfort from time to time.

 

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